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A Garota Dinamarquesa e os desafios da Transexualidade.

Análise do filme baseado no livro de David Ebershoff.

Texto por: Túlio Morais de Oliveira.

A Garota Dinamarquesa (The Danish Girl em título original) é um longa-metragem dirigido por Tom Hooper e estrelado por Eddie Redmayne e Alicia Vikander, lançado no Brasil em fevereiro de 2016. O filme conta a história de um pintor dinamarquês chamado Einar, que se submete a primeira cirurgia realizada para mudança de sexo, não se identificando com o seu corpo físico em diversas cenas, além de ter um grande fascínio pela beleza feminina.

Mesmo com o foco na transexualidade que é abordada, Einar é casado com Gerda, na qual também é pintora, sendo retratado uma relação bem harmoniosa entre os dois, de companheirismo, amor e cumplicidade. Uma cena marcante no filme marca nitidamente o seu despertar significativo, fazendo com que Einar se auto descobrisse como mulher. Ultrapassando suas condições biológicas, ele passa a perceber que a feminidade está bem presente nele. 

Essa parte se revela no momento em que sua esposa pede para ele calçar meias e sapatos, além de segurar um vestido em seu corpo para que assim ela terminasse uma pintura na qual sua modelo não apareceu no dia. Ele no começo tem certa estranheza de ter que vestir o vestido, mas se sente mais confortável quando Gerda fala que não é necessário vesti-lo, apenas colocá-lo por cima de sua roupa. Enquanto fica na posição para o término do quadro, Einar transmite sensações que expressam um verdadeiro encanto pela peça feminina e suas delicadezas. 


Ao longo do drama, a vontade de Einar se tornar mulher vai crescendo, cujo passa assumir uma nova identidade, dando vida a mulher chamada Lilly. O ator que interpreta o protagonista em suas duas fases é excepcional, fazendo com quem está assistindo possa vivenciar junto ao personagem suas emoções e conflitos pessoais. Gerda está sempre ao seu lado, mas nota que o distanciamento entre ela e seu marido está cada vez maior, já que Einar quer extinguir seu papel masculino e assumir-se completamente mulher.

Einar passa por grandes desafios para se sentir como uma mulher integralmente e ser aceita como Lilly. A angústia, o medo e a pressão social exerce um grande desiquilíbrio psíquico no indivíduo. Buscando a ajuda de um médico, sem muito conhecimento naquela época (cerca de 1920) sobre transgeneridade, além do enorme preconceito, ele recebe um diagnóstico que o caracteriza como um portador de doença mental. Não aceitando essa definição, eis que surge a procura por novas ajudas, até que ele encontra um médico que entende o seu caso e propõe uma cirurgia para mudança de sexo. Sendo um procedimento nunca feito, fica claro os riscos da tal cirurgia. 

O desejo de se tornar mulher era mais forte que tudo, fazendo com que ele assumisse os riscos, e caso tudo desse errado, pelo menos teria tido a oportunidade de ter tentado. O amor e o companheirismo de sua mulher Gerda é admirável, pois em nenhum momento ela o deixa de lado, se preocupando imensamente com a sua vida. Mesmo não tendo com ele o mesmo relacionamento de antes como casais sexualmente ativos, a ligação entre os dois é muito forte, manifestando um sentimento inexplicável. 


Terminando o filme, ainda fica exposto essa conexão afetiva de Gerda com Einar, que vivenciou junto a ele toda angústia até o seu último momento. Einar buscou dar a vida a uma pessoa que sempre existiu dentro dele. Até onde pode ir uma pessoa para se encontrar? Talvez não tenha um limite que especifica essa resposta, só cada um sabe das suas intenções subjetivas e valor gerado por cada esforço.








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