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Análise do filme: Precisamos falar sobre o Kevin.

Foto retrata Kevin em idades diferentes no filme. 
Eva e Franklin são os pais de Kevin (filho mais velho) e Célia (filha mais nova). A relação familiar entre eles é desequilibrada, pois enquanto Franklin tem uma relação mais equilibrada com os seus filhos, Eva tem problemas com Kevin que começaram desde a gravidez indesejada e teve continuidade até a adolescência. Cenas que retratam essa perturbação são mostradas no filme, como quando ainda bebê, enquanto Kevin chorava, a mãe parecia impaciente e não sabia como lidar com a situação. O pai diferente da mãe, era mais acolhedor, e tinha mais disposição em estar com o filho, mas mesmo assim, a sua ausência é notada em diversas partes, fazendo com que Eva tome decisões precipitadas. 

Kevin, de forma recíproca, corresponde à mãe com mínimos afetos, e com o passar do tempo, sempre há complicações entre eles. Essa posição que Kevin também vive pode ser supostamente evidenciada por Eva não ter tido, primeiramente, o concebido com o amor maternal adequado, e até mesmo pelo fato de a gravidez não ter sido uma grande realização em sua vida. Ao brincar, ao conversar, e ao buscar a se aproximar dele, Kevin não corresponde as tentativas da mãe, de se enquadrar em seu desenvolvimento.

Outra parte de destaque do filme, é quando Kevin suja de tinta os recortes de mapas pregados na parede de um quarto da casa, um espaço muito importante para Eva, e quando ela se depara com o que aconteceu, ela perde o controle, deixando explícito para o filho todo o ódio e raiva que ela sentia naquele momento por ele ter feito aquilo. Podemos assemelhar, as várias vezes em que Kevin quer ser o centro das atenções, e sempre de formas polêmicas e perturbadoras.

Sobre a questão da sexualidade, Eva em sua explicação a Kevin de como os bebês nascem, antes da chegada de sua irmã, a nova membra da família, ela se adapta as teorias do nascimento, como explica Freud (1905), um dos argumentos mais utilizados quando gera essa curiosidade nas crianças. Mas para a surpresa, Kevin, já sabia da realidade, e de forma sarcástica responde a mãe diretamente, se referindo a transa e a penetração do penes na vagina, o que vale ressaltar, que já viram os pais transar.

Na fase anal, de acordo com Freud (1905), “em que a crianças suscetíveis à excitação erógena se traem retendo as fezes até que seu acúmulo provoca violentas contrações musculares e ao passarem pelo ânus, são capazes de produzir grande excitação da membrana mucosa”, Kevin, após ser trocado pela mãe, suja a fralda novamente, levado pela sensação do prazer e controle dos esfíncteres, logo em seguida, entendido como provocação Eva. Ela então, descontente com a atitude do filho, o pega de forma brusca, o que faz com que ele machuque o braço.

Eva tinha uma vida feliz, ao lado do marido, as consequências começaram depois da gravidez, onde ela sentiu a sua vida ameaçada pelas consequências de ser mãe, e com isso iria embora também grande parte de sua liberdade. A depressão pós-parto é uma realidade na vida de mulheres que não conseguem administrar a maternidade de forma positiva.

O momento de maior tensão do filme é caracterizado pelos assassinatos de vários alunos do colégio onde Kevin estudava, da qual, a grande surpresa, ele foi o autor da própria fatalidade, e também responsável por assassinar o pai e a irmã. A partir desse momento, a vida de Eva vai ao último grau de sofrimento, dor e angústia, pois além da perda do marido e da outra filha, terá que enfrentar os julgamentos da sociedade que a culpa e a persegue a todo momento.

A ação de um psicólogo e um psiquiatra seria fundamental para acompanhar o desenvolvimento de Kevin e instruir os pais a como lidar com as diversas situações constrangedoras. Estranhos comportamento na infância, segundo Hidalgos e Palácios (1995), tendem a se comprometer na vida adulta. Muitos comportamentos de Kevin são ignorados pelos pais, sendo compreendido por eles como algo de fase da idade ou como algo normal. As crianças respondem de acordo com as emoções e reações, e há a grande importância de se observar todas elas.

Kevin demonstra insatisfação com a vida durante todo o filme, além de ter muitas condutas violentas e agressivas. Uma parte que chama a atenção no filme, é bem no final, de que ele frisa para a mãe na cadeia, de que nunca foi feliz. O seu modo de agir, o jeito frio e arrogante caracteriza Kevin como um ser patológico, que não teve o devido afeto e atenção dos pais pelos seus comportamentos, podendo talvez ter evitado tamanha tragédia.

Aí fica a pergunta: Você se sentiria responsável se seu filho apresentasse sinais de psicopatia?


Texto por: Túlio Morais de Oliveira.

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